A audição apurada pode causar mais impacto nos nossos amigos de quatro patas
“Com a proximidade do ano novo, a preocupação com a queima de fogos de artifício aumenta entre os tutores de pet. Isso porque os rojões típicos das festas de réveillon, apesar de visualmente atraentes, costumam causar estresse, medo e até fobia nos bichos que não foram habituados de maneira adequada em relação ao estímulo.
De acordo com a médica veterinária Camila Voloch, especialista em comportamento animal, outros sintomas podem decorrer da aversão aos fogos.
“O medo é uma manifestação comportamental comumente vista diante dessa atividade, o que leva ao aparecimento de outros sinais clínicos como: aumento de frequência cardíaca, aumento de movimentos respiratórios e aumento da pressão arterial, que podem ser acompanhados por salivação excessiva, tremores e até mesmo comprometimento da função cardiorrespiratória com desmaios e paradas. Os parâmetros fisiológicos são gravemente comprometidos por conta do estresse, o que pode ser – e muitas vezes é – fatal”, explica.
Como minimizar o desconforto
É muito provável que o seu pet manifeste medo, mas algumas atitudes podem ser tomadas para reduzir os danos. O CEO da Bark & Birch, Nick Rijniers, explica o que o tutor pode fazer para auxiliar o comportamento do animal frente à situação:
“Fique perto do seu cão! A presença dos donos passa segurança ao animal e isso os deixa mais calmos. Durante a queima de fogos, tente entreter o seu companheiro ou deixar os brinquedos favoritos dele por perto. Essa é uma maneira de chamar a atenção para outra coisa que não seja o barulho. Além disso, lembre-se que os cães têm capacidade auditiva duas vezes maior que os seres humanos, então, se puder, coloque ele em um cômodo mais silencioso”, diz.
O executivo também sugere dispor de uma área confortável para relaxar o pet, com uma cama quente para que ele tenha um espaço seguro para se descontrair e se sentir melhor.
Não o deixe acorrentado neste espaço de contenção, pois ele pode se machucar ao tentar fugir. E, caso ele mesmo escolha um esconderijo, respeite: é ali que ele se sente mais seguro.
Outra dica é ligar o rádio ou a TV e colocar uma música calma, além de garantir que os portões estejam fechados para evitar fugas. Passear com o animal antes de escurecer pode ajudá-lo a gastar energia, o que pode aliviar a tensão na hora dos rojões.
A Dra. Camila Voloch explica que oferecer alimentos pastosos também é um bom caminho: “a oferta é valiosa durante a queima de fogos, de maneira que esse animal demore alguns minutos para ingerir. O tutor também pode utilizar brinquedos recheáveis ou forminhas de gelo/descanso de panela de silicone com alimentos úmidos no geral – sachê, por exemplo”.
Uma saída mais radical é optar pelo uso de calmantes, desde que sob orientação de um médico veterinário especialista em comportamento. “Assim, reduz-se a chance do tutor ser orientado a usar medicações com efeitos sedativos, que podem aumentar ainda mais os riscos de óbito. Os homeopáticos e os feromônios (Adaptil) são sempre bem-vindos”, diz Camila.
O adestramento também pode auxiliar na situação. Para a especialista, é o mecanismo mais eficiente de prevenção do problema.
“Nesse caso, é importante que todo e qualquer treinamento seja orientado por um profissional de adestramento positivo exclusivamente, sem o uso de aversivos e punições. E, se possível, a terapia deve ser iniciada com uma consulta com um médico veterinário comportamentalista”, indica.
Por fim, é importante lembrar que os rojões não são apenas prejudiciais aos pets, mas à sociedade como um todo: podem assustar também os idosos, os bebês e as pessoas do espectro autista.”
POR YARA GUERRA
(Matéria extraída do Portal Vida de Bicho do G1)